O Adam consiste em um hidrogel solúvel em água que é implantado nos ductos deferentes – os canais que transportam o esperma. O procedimento é descrito como minimamente invasivo, durando cerca de dez minutos e utilizando anestesia local.

O gel funciona como uma barreira física, impedindo a agem dos espermatozoides e levando à azoospermia (ausência de espermatozoides no sêmen ejaculado).

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Nos estudos iniciais com 25 participantes, dois homens atingiram a marca de 24 meses mantendo a azoospermia, partindo de uma contagem média inicial de esperma considerada alta.

A Contraline informou que não foram registrados eventos adversos graves relacionados ao tratamento durante este período e que os efeitos colaterais observados foram consistentes com os esperados para procedimentos como a vasectomia sem bisturi.

A empresa destaca que o hidrogel foi projetado para se degradar naturalmente no corpo após um período determinado, o que permitiria a restauração da fertilidade e poderia tornar o Adam uma alternativa potencialmente reversível aos preservativos e à vasectomia definitiva.

"Nosso objetivo foi criar uma opção contraceptiva masculina com duração de dois anos, respondendo diretamente à demanda do consumidor", afirmou o diretor médico da Contraline, Alexander Pastuszak.

Dúvidas importantes sobre a iniciativa

Os resultados foram apresentados neste sábado (26) na reunião anual da Associação Americana de Urologia. A Contraline também anunciou ter recebido aprovação regulatória na Austrália para iniciar a fase 2 dos ensaios clínicos, prevista para o terceiro trimestre de 2025, que terá entre 30 e 50 participantes.

Embora os resultados iniciais sejam vistos como promissores por especialistas da área, como o pesquisador Richard Anderson, da Universidade de Edimburgo, citado pelo jornal britânico The Guardian, a iniciativa ainda desperta dúvidas importantes.

A principal delas é que a reversibilidade do método em humanos ainda não foi comprovada nos estudos publicados. Além disso, permanecem questões sobre a duração exata do efeito de um único implante e os possíveis efeitos a longo prazo do bloqueio dos ductos deferentes.

O Adam ainda é considerado um dispositivo experimental e não possui autorização para uso comercial por órgãos reguladores como o FDA, agência reguladora de remédios e alimentos dos Estados Unidos.

Especialistas alertam que mais pesquisas são necessárias para validar a segurança, eficácia a longo prazo e, principalmente, a reversibilidade do implante, antes que ele possa ser considerado uma opção contraceptiva estabelecida.

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